O mundo de Anna (Bel Powley) é somente aquilo que vê da janela do seu quarto. Cresce com pouco e sabe o básico, come verduras a toda a hora, tem uma rush de açúcar ocasional quando faz anos e uma atracção inexplicável pela floresta.
De acordo com o seu pai (Brad Dourif) e as histórias que lhe conta, a porta do seu quarto encontra-se fechada e electrificada, para manter a criatura que come crianças, do lado de fora.
Na adolescência, o pai começa a injectar-lhe um supressor de estrogénio e a impedir a menstruação. Vendo Anna enfraquecer e a doença alastrar, toma medidas desesperadas e tenta o suicídio, claramente prevendo o que o destino lhe aguarda.
Anna acaba na cama do hospital e sob a guarda de Ellen (Liv Tyler), experienciando todo um mundo para lá da janela do seu antigo quarto. O que vale é que ela se habitua rapidamente…
Wildling desmascara-se logo pelo título. Embora seja na versão portuguesa, o apêndice – A Última Criatura – arruína todas as nossas expectativas sobre esta fantasia de criaturas com metáforas à puberdade feminina. Não é difícil compreender a quem se refere “A Última Criatura”.
Filme de Fritz Bohm, Wildling é metade correrias pela floresta, filmadas por vezes numa escuridão incompreensível, metade chorrilho de truques body horror, como dentes e membros arrancados, somente para justificar a prateleira do horror onde os traumas de Anna serão descortinados.
Com Bel Powley a ser melhor que a sua personagem, concentrando momentos sinistros e outros de uma incredulidade genuína, Wildling tem uma narrativa atrapalhada onde não solidifica a metáfora da auto-descoberta de Anna, nem aproveita com criatividade a presença de personagens enigmáticas como “The Wolf Man”.
Associando a isso, uma fraca cinematografia e um terceiro acto desastroso, Wildling não vai ser o teu filme desta noite de Halloween.
ESTREIA: 31/10/18