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Edoardo Ponti realiza o remake de “Madame Rosa”, filme vencedor do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro de 1978.
SINOPSE: Depois de ter aceitado acolhê-lo contravontade, uma sobrevivente do Holocausto cria uma amizade improvável com o miúdo de rua desencantado com a vida…
O realizador Edoardo Ponti actualiza o cenário urbano do romance “La Vie Devant Soi” de Romain Gary, movendo as suas personagens de Paris para a cidade italiana de Bari, onde as ruelas transbordam com a crise de imigração.
“Uma Vida à sua Frente” é uma narrativa que explora paralelos geracionais entre pessoas que buscam lar e dignidade, independentemente da sua origem, religião ou sexualidade.
Com nuances neorrealistas, Ponti embevece o seu filme numa atmosfera quente e luminosa, por onde aventura Momo (Ibrahima Gueye), um miúdo senegalês que trafica droga e procura figuras paternais e maternais entre as várias figuras que o rodeiam: a transexual Lola (Abril Zamora), o muçulmano Hamil (Babak Karimi), e Madame Rosa, uma sobrevivente do Holocausto interpretada pela talentosa actriz Sophia Loren.

É um privilégio assistir a uma performance outonal de Loren, agora com 86 anos de idade. Com um papel fugaz em Nine de Rob Marshall e outras aparições mais singelas nos últimos quinze anos, em “Uma Vida à sua Frente”, a actriz italiana já não necessita de floreados e emoções bravatas.
Loren sempre encarnou a robustez e vitalidade da mulher italiana. Fogosa e maternal, grandiosa e intempestiva, tornou-se ícone da sétima arte ao vencer dois Óscares de Melhor Actriz e ao construir uma carreira sumptuosa ao lado de realizadores e produtores como Vittorio de Sica e Carlo Ponti, seu marido.
Mas aqui, sob o olhar e direcção do seu maior cúmplice, o próprio filho, refina a sua experiência e mestria, injectando a personagem de Madame Rosa de sabedoria e pureza, enquanto se subjuga a um corpo débil movido por uma mente que desvanece, mas ainda com muito amor para dar.
E é esse carinho, alento e atenção que Momo procura, ele que se move com “Uma Vida à sua Frente”, cheia de alegrias e inconsequências, em busca de guardiã e guarida. Ibrahima Gueye é um talento genuíno e como Momo, tem aqui uma mentora e modelo única para encontrar o seu caminho. Agradável, pronto para a lágrima, este filme feito por mãe e filho é um drama simplista e ternurento sobre uma amizade improvável. Com Sophia Loren é um evento.