RESIDENT EVIL: CAPÍTULO FINAL
Resident Evil não é pródigo em excelentes narrativas ou personagens tridimensionais que nos deixam a pensar depois de sairmos do cinema. Nem nunca o quis ser. É sim, a energia pura dos filmes série B, que é armazenada directamente no nosso cantinho de guilty-pleasures.
O novo filme, que pode ser interpretado como último da franquia baseada nos videojogos da Capcom é Resident Evil: Capítulo Final. Digo “interpretado”, porque apesar do título, como irão ver, tudo fica em aberto para o vírus desta saga se continuar a propagar. Não se chateiem, não é um spoiler.
Começando onde o seu antecessor Retaliação terminou, acompanhamos Alice (Milla Jovovich), numa corrida contra o tempo (48 horas), para retornar à Colmeia em Racoon City e enfrentar a Umbrella Corporation, na figura do Dr. Alexander Isaacs, (Iain Glen, um excelente actor, sem diálogos à sua altura).
Paul W.S. Anderson compõe um filme com um guião típico dos videojogos, onde cada etapa culmina num Boss e a personagem fica cada vez mais forte e madura…Felizmente Milla Jovovich cresceu com a sua personagem Alice ao longo destes anos e para além de poderosa e destemida, é segura e eficaz, enquanto enfrenta criaturas e militares, cheia de sarcasmo, atitude e a catch phrase na ponta da lingua: “É só isso que consegues fazer?!”
Preferíamos ficar sempre com Alice e as suas capacidades bad ass, porque como é apanágio destes filmes, quando entram todos os outros resistentes / sobreviventes, começa um desfile das novas carinhas larocas do cinema, telegénicas, mas ainda sem o guião necessário para articularem uma frase com a devida emoção. E o filme até se torna demasiado forçado nesse serviço de elevar determinados rostos, como o de Ruby Rose, ignorando o caminho esforçado em que estava a ter sucesso: entretenimento a um ritmo galopante. Mas, na verdade, também não é isso que se espera nesta franquia que já rendeu mais de um bilião de dólares. Com diálogos cheesy e one liners redundantes, só se sofre um bocadinho por ver alguém bonito a ser trucidado por uma ventoinha gigante.
Com uma edição frenética e a câmara desconcertante, perde-se alguma clareza nas cenas de acção…mas mesmo não sendo um ex-líbris cinematográfico, é um filme Resident Evil: divertido, com twists inesperados (ou não) e acção suficiente over the top, para te fazer rir, assustar e querer mais.
ESTREIA: 26/01/17