O Jovem Karl Marx
O drama histórico de Raoul Peck é um bromance filosófico e político, que narra a intensidade intelectual de um jovem Karl Marx e a sua relação com os vários pensadores contemporâneos. Entre eles, Friedrich Engels, o filho de um industrial que investiga o nascimento da classe trabalhadora britânica. Decorre o ano de 1844 e Marx encontra assim a pedra que faltava para a sustentação do seu pensamento e o traçar do Manifesto Comunista. A sua amizade vai criar um movimento revolucionário que irá apresentar ao mundo os instrumentos teóricos para a emancipação das massas oprimidas.
Focado em recriar um momento fulcral entre a revolução Industrial e as revoluções democráticas de 1848, Peck tem a difícil tarefa de elevar o filme através de conceitos e pensamentos abstractos, onde a narrativa cresce com a pressão do diálogo e o debate a três línguas: inglês, alemão e francês. Marx e Engels são os agitadores do seu tempo e debatem sobre a influência do dinheiro nas relações e do trabalho para obter liberdade, escrevendo folhetins e livros de resposta a outros pensadores, enquanto lutam pelo seu bem-estar e os seus, numa narrativa secundária de paixões com pouco para explorar.
Num registo por vezes cerebral e manipulativo… outras vezes, como uma lição de história demasiado rápida para acompanharmos, culmina no Congresso da Liga dos Justos em 1847, onde Engels e Marx edificam a Liga Comunista. A obra “Capital” fica fora do filme, como ideal incompleto e abafado…pois a ironia vem nos créditos, onde uma montagem final ao som de Bob Dylan, com imagens políticas de grande impacto do século XX, que vão desde o Muro de Berlim a Nelson Mandela…lançam um olhar irónico de Raoul Peck, ao próprio filme que nos acabou de apresentar.
ESTREIA: 20/04/17