O Homem do Coração de Ferro
Em 1943, Hitler´s Madman e Hangmen also Die; em 1965, a produção checa Atentát e em 1975, Operation Daybreak. Todos narram os eventos do assassinato de Reinhard Heydrich, o líder nazi da Checoslováquia.
Curiosamente ou não, pois a efeméride assim o proporciona, cerca de 75 anos depois é lançada nova dupla de filmes sobre o mesmo tema: Anthropoid e O Homem do Coração de Ferro, baseado no livro HHhH de Laurent Binet.
A diferença na nova iteração desenvolvida pelo realizador francês Cedric Jimenez, é a descrição do homem por trás da besta, a história do militar expulso pelos seus, que influenciado pela esposa em ideais nazis, sobe dentro da SS, até se tornar no ideólogo da Solução Final: a aniquilação do povo judeu na Europa.
Esta série de eventos surge-nos com um ritmo tangencial, debitando ideias de suporte à sua personalidade: a sua dispensa da Marinha, a sua relação na SS, o casamento em segundo plano, as execuções, a reunião da Solução Final…e a sua obsessão que urge de uma frieza intimidante.
Com Jason Clarke no papel principal, de cabelo oxigenado, queixo protuberante e olhar gélido, pouco mais é necessário para vermos encarnado “O Carniceiro de Praga”. Cedric Jimenez opta pela distância à personagem, com receio de a humanizar, não querendo criar um empático vilão, mas construindo um psicopata que absorve a força da esposa (Rosamund Pike), para se tornar o monstro que ela própria renegará.
Mas esta narrativa é somente a primeira parte. A segunda vem com toda a força de Anthropoid, Operation Daybreak e Atentát, pois passamos a assistir à operação dos dois membros da resistência checoslovaca, que com o apoio dos Aliados, irão assassinar a besta.
Jack O´Connel e Jack Reynor, são os dois camaradas Jan Kubis e Jozef Gabcík, que se misturam no povo enquanto arquitectam o plano final. Com potencial dramático, são vários os momentos de nervo e pulsar na mão do realizador, como um plano sequência em cima de um sidecar, enquanto vemos o dizimar de uma aldeia…ou o inundar de uma igreja, com os nossos dois heróis em apuros.
Mas alguma quietude, vai libertando a tensão e criando uma certa arritmia na narrativa e na identidade, perdendo-se algures no valor do livro de Binet e na brutalidade da História.
ESTREIA: 23/11/17