Aquaman
Fantasia épica dos sete mares.
Aquaman é um tsunami de vívidas cores e CGI inovador.
Como vem sendo apanágio dos filmes de super-heróis, um deleite que deve ser visto em IMAX.
Mas a história é um copo de água que encheu, encheu até transbordar.
Partindo da versão de Geoff Johns, publicada em 2011 na fornada dos The New 52, James Wan procura narrar a aventura de uma criança que adquire os seus poderes… e já adulto, parte numa saga para se tornar um rei.
Jason Momoa, que teve uma entrada badass no filme Justice League, tornando-se assim uma figura favorita dos fãs, é Arthur Curry, o metade atlantean, metade humano, que terá de descobrir se tem o que é preciso para unir os mundos da terra e do mar.
O seu meio-irmão Orm (Patrick Wilson), jurou tornar-se o Ocean Master e vingar-se do mundo da superfície, que continua a contaminar as suas águas. Para o impedir, Arthur tem de se unir a Mera (Amber Heard), a princesa do reino marítimo de Xebel com poder de hidrocinese e com ela, recuperar o Tridente de Atlan.
Pelo caminho, ainda tem de enfrentar Black Manta (Yahya Abdul-Mateen II), que tem uma contenda contra o próprio Arthur; e lidar com a raiva contra os Atlanteans, que executaram a sua mãe Atlanna (Nicole Kidman).
Acrescentando a isto, temos também flashbacks à infância e adolescência de Arthur, acompanhando a aprendizagem dos seus poderes, onde a par com Vulko (Willem Dafoe), conselheiro do trono de Atlantis e seu mestre…vamos perdendo algum entusiasmo e vendo a malha narrativa desmanchar-se com a força de uma só onda. E isto é ainda só o arco narrativo de Arthur Curry!
Em relação aos actores e às suas interpretações, depois desta viragem na fisionomia de Aquaman – que assentaria que nem uma luva a Patrick Wilson, caso Zack Snyder e James Wan tivessem seguido pela primeira aparição – será difícil voltar atrás. Momoa é sarcástico, kick-ass e rock star, com um espírito divertido que o torna uma pedrada no charco no panteão negro e deprimido da DC.
Lado a lado com ele – e num universo de super-heróis maioritariamente masculino – nova princesa guerreira marca aqui a sua presença. Guiando Aquaman com o seu espírito combativo e crente, Mera é de tal forma forte, como nas comics, que demonstra até ter mais capacidade para reinar os sete mares do que o próprio Arthur.
A química entre os dois é algo insípida, vivendo de bicadas de humor sarcástico, num setting de aventura que em muito relembra “Em Busca da Esmeralda Perdida”.
A acompanhar a alegria e o feeling dos anos 80, temos as fluídas e modernas cenas de acção. A primeira luta do filme, onde Nicole Kidman enfrenta vários Atlanteans, é filmada num plano único intenso e inventivo. E também o horror preferido de James Wan, que não perde a oportunidade de compor uma das melhores sequências do filme em alto mar, no meio de uma tempestade, com assustadores monstros marinhos.
Mas o grande trunfo de Wan está no encanto artístico: Atlantis é um reino de bioluminescência e corais fluorescentes, que ilumina uma sociedade submarina repleta de vestuário náutico e armas de design alienígena.
A criatividade do production designer Bill Brzeski e da costume designer Kym Barrett andou à solta e para esta cultura de pasmar, compuseram uma mistura reminiscente de um estilo neoclássico com detalhes de tecnologia avançada. Desde os cabelos ondulantes, cavalos marinhos ameaçadores, arenas de gladiadores e cavernas escondidas, são sete reinos de direcção artística riquíssima, cada uma com a sua identidade e maravilhas.
Embora turbulento no guião, afundando por momentos a nossa atenção, Aquaman é uma extravagância épica dos altos mares que pode marcar a viragem nos filmes da DC!
ESTREIA: 13/12/18